Produtores rurais que terão parte de suas propriedades
ocupadas pelo futuro reservatório da Usina do Baixo Iguaçu voltam a protestar.
Eles vão se reunir a partir das 8h de hoje na comunidade rural de Marechal Loth,
em Capanema, nas proximidades do futuro canteiro de obras da hidrelétrica. A
manifestação, que espera reunir centenas de pessoas, ocorrerá poucas semanas
depois de um encontro em Capitão Leônidas Marques que teve até passeata pelas
principais ruas da cidade.
O protesto é organizado pela Adahbi, a Associação dos
Atingidos pela Barragem da Hidrelétrica do Baixo Iguaçu. “Mais uma vez, os
agricultores tentam chamar a atenção das autoridades para uma questão que
precisa de resposta séria e coesa”, informa o presidente da entidade, o
agricultor Plínio Primo. O problema que se arrasta há meses envolve o valor das
indenizações das áreas que serão inundadas pela represa da hidrelétrica.
A Neoenergia, que venceu a licitação para a implantação do
empreendimento, oferece valores entre R$ 24 mil e R$ 66 mil por alqueire,
considerados distantes da realidade do mercado da terra na região dos cinco
municípios que terão parte do seu território inundado pela formação do
reservatório – Capitão, Capanema, Realeza, Planalto e Nova Prata do Iguaçu. O
valor que os lavradores consideram justo é a partir de duas mil sacas de soja
por alqueire, na casa dos R$ 120 mil.
Os lavradores informam que entendem a importância da obra, no entanto não
aceitam uma decisão unilateral para definir o valor de propriedades que
conquistaram com tanto trabalho e dificuldades. “Queremos o que é justo, só
isso”, conforme Plínio, que explica que, em função de o reservatório ser
pequeno, as áreas serão apenas parcialmente inundadas. “Com isso, para dar
sequência ao mesmo nível de plantio, o produtor rural terá de comprar outro
pedaço de terra e manter duas sedes, o que tornará a operação mais cara e
desgastante”.390 famílias
Com a formação de um reservatório de 15 quilômetros quadrados, 390 famílias de cinco municípios serão atingidas. A decisão é de apelar para o diálogo e para o bom senso, no entanto os rumos do movimento poderão ser endurecidos caso as outras partes envolvidas não cedam. Um dos que apostam na conversa é o prefeito de Capitão, Ivar Barea (PDT), que pede à Neoenergia que revise a tabela de valores e respeite o contexto das famílias e a realidade do mercado agrário regional, valorizado em função de áreas férteis e bons níveis de produtividade. A Hidrelétrica do Baixo Iguaçu é uma das obras previstas no PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, e está orçada em R$ 1,7 bilhão. No auge dos trabalhos, ela deverá gerar ocupação a três mil trabalhadores direta e indiretamente. A previsão é de que ela fique pronta três anos depois de iniciada e, em funcionamento, terá capacidade para atender mais de 1,5 milhão de habitantes. A autorização para o início dos trabalhos foi dada pelo Governo Beto Richa, já que a Copel é parceira no projeto, há cerca de 15 dias.
oparana.com.br
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